quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Plugados no mundo

16.09.2008

Entenda como vai funcionar o projeto de Marta para ligar, de graça, a cidade na internet

A proposta de Marta para tornar acessível a toda a população de São Paulo a internet em alta velocidade, fazendo desta cidade, em suas próprias palavras, "a primeira capital brasileira com acesso livre e de graça à internet banda larga para todos", tem na base uma tecnologia já testada e disponível no mercado e a infra-estrutura física de 4 mil prédios públicos da Prefeitura – entre eles, escolas, CEUs, telecentros, bibliotecas, centros culturais e unidades de saúde.

Assim, nos prédios que forem escolhidos para implantação do ponto central daquilo que os especialistas chamam hot spots – a rigor, uma área com raio de até 500 metros onde se pode captar bem o sinal das redes sem fio –, devem ser instalados dois pequenos dispositivos, ligados entre si: um modem e um hub-roteador. Na aparência, são simples caixinhas retangulares com menos de 20 centímetros de comprimento, mas contêm a tecnologia suficiente para estabelecer comunicação à distância entre computadores e distribuir os sinais recebidos por uma conexão internet para vários micros de mesa ou micros portáteis, os chamados notebooks e lap-tops.

Vale registrar que os notebooks já vêm com a interface para captar os sinais das redes sem fio. Quanto aos micros de mesa, hoje eles vêm com algum tipo de interface para internet por cabo ou para tecnologia sem fio, comumente chamada de wi-fi. Mais freqüentemente, eles ainda trazem uma versão antiga dessa interface (a chamada versão G) e espera-se que evoluam em pouco tempo para a que está sendo disseminada mais e mais pelas redes sem fio no mundo inteiro, a versão "wi-fi N".

O modem, com sua função de transformar sinais analógicos em digitais e vice-versa, a rigor vai ligar cada prédio escolhido pela prefeitura à rede mundial de computadores. A prefeitura pagará pelas assinaturas da conexão com a internet, que poderá contratar de algum dos grandes provedores de acesso à rede. Vale lembrar que pela rede circulam muito mais do que trilhões de dados por minuto em todo o planeta, via satélites e cabos, incluindo os modernos cabos de fibra óptica. E uma curiosidade, bem ao gosto dos internautas: só os 36 centros de dados do Google espalhados pelo mundo processam um petabyte de informações digitais a cada 72 minutos. O que isso significa? Transmissão de 1 quatrilhão de caracteres em pouco mais de uma hora, um volume inimaginável de dados circulando em velocidade alucinante.

O lado do modem oposto à do link com a internet é ligado no hub-roteador, que então passa a distribuir o sinal da rede para os computadores pessoais. A alternativa de fazer isso por meio de fios existe, claro, mas a ligação sem fio (wire-less), pelo ar, tem muito mais vantagens. Primeiro, porque dessa forma o sinal da internet pode ser usado ao mesmo tempo por muito mais computadores e num raio maior de distância. Pela tecnologia hoje disponível, pode-se ter até o limite de 100 micros para cada hub-roteador, e que funcionem numa distância de até 500 metros do ponto onde o aparelho se encontra, seja na rua, numa praça, dentro de um outro prédio etc. Como no projeto da prefeitura pensa-se em dois conjuntos de modems e hub-roteadores em cada prédio, pode-se pensar que, em cada caso, 200 micros podem funcionar simultaneamente.

Quanto mais desses núcleos de distribuição, ou desses hot spots, estiverem distribuídos pela cidade, primeiro nos prédios públicos da Prefeitura, depois em outros estabelecimentos, seguindo os grandes eixos de circulação da cidade e, por fim, em instituições e empresas privadas que desejarem aderir ao programa da cidade antenada, mais São Paulo se aproximará do ideal da internet para a totalidade de sua população.

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